“SER MAIS” NA OBRA DE PAULO FREIRE: RELAÇÕES ENTRE ÉTICA, HUMANISMO E TÉCNICA

Rodrigo Rafael Fernandes, Sidney Reinaldo da Silva

Resumo


O ser mais, em Paulo Freire, nos permite analisar algumas imbricações entre ética, humanismo e técnica. Homens e mulheres, muitas vezes, estão sendo uma forma de quase não ser. Manipulados, a realidade lhes é apresentada como fatalisticamente imutável, e o treinamento que recebem os molda para a adaptação. Mas de que forma a humanização e a técnica podem estar a serviço do ser mais? Objetiva-se aqui compreender esta questão através da análise de algumas obras de Freire. A ética de Paulo Freire se contrapõe aos interesses que desumanizam e submetem pela técnica os homens e mulheres a lógicas que os domesticam enquanto os exploram. É uma ética universal do ser humano que condena a opressão e a exploração: é uma vocação ontológica para o ser mais, para a presença transformadora do ser humano no mundo. Como uma ética da humanização, propõe um rompimento com a reificação pelo compromisso com o homem concreto enquanto reflexão e intervenção crítica sobre a realidade, sobre as técnicas e suas formas de condicionamento. Se a técnica é histórica e social, seu uso tanto pode estar articulado com lógicas negadoras da liberdade quanto ações emancipadoras. Nesse sentido, uma formação que não oblitere a visão total do homem alia saberes e procedimentos técnicos a uma compreensão crítica da realidade concreta. Vê nos homens a possibilidade de fazer e refazer as coisas, transformar o mundo. Mais do que estar sendo um não ser, este humanismo entende que os homens passem a estar sendo em busca do ser mais.

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