A CONSTRUÇÃO DA DESIGUALDADE DE GÊNERO OBSERVADA NA MULHER DO SÉCULO XVII A PARTIR DO PROCESSO DE BRUXARIA – UM ESTUDO DESCRITIVO
Resumo
O estudo objetiva analisar, sob o viés histórico, o tratamento dado à mulher durante o século XVII, e relacionar a visibilidade do feminino naquela sociedade aos processos de bruxaria, buscando eventual contribuição das ocorrências históricas do século XVII, em relação à estruturação de tais processos, para a desigualdade de gênero existente na sociedade atual. Para a busca deste objetivo, utiliza-se a pesquisa descritiva, através de revisão bibliográfica, o que apresenta melhor adequação metodológica para o desenvolvimento do estudo. O período histórico contemplado por este estudo no que tange ao sujeito feminino apresenta que os processos de bruxaria foram influenciados pela identidade social da mulher, de quem se tinha medo partindo do ponto de que seriam seres inferiores em sua capacidade intelectual e propensas a causar a ruína dos homens. Esta identidade social da mulher era reforçada a partir do discurso da igreja na época, que descrevia a mulher como presa fácil de Satã, devido sua incapacidade de pensar e de se deixar influenciar. As mulheres foram grandemente marcadas pelos processos de inquisição do Tribunal do Santo Ofício, onde muitas foram condenadas à morte pela prática da heresia. Essa compreensão das ações deste recorte da História que levavam as mulheres a serem estereotipadas como feiticeiras possibilita conhecer parte da base da estruturação que mantém desigualdade de gênero que ainda perdura na sociedade atual.
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PDFReferências
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